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Dra. Teresa Bernardo

  • pedroalbertoescada
  • 8 de nov. de 2024
  • 4 min de leitura

Na minha opinião, quem se pretenda candidatar a Presidente de uma sociedade científica médica, deve preparar-se com grande antecedência para as funções, uma vez que as decisões e opções que irá ter que tomar durante o seu mandato (naturalmente de forma partilhada com os seus colegas da Direção) implicam uma reflexão prévia, e ideias sólidas, sobre os vários assuntos relacionados com a vida da sociedade.


Vem isto a propósito da escolha das pessoas para as várias funções da vida das sociedades, sejam elas (as funções) a pertença a órgãos sociais ou comissões, ou o convite para conferências ou outras atividades científicas nos eventos da sociedade.


Nos últimos anos ouvi a opinião de muitos sócios sobre este assunto e, resumindo, posso dizer que estão entre duas extremidades de um espectro que vai daqueles que acham que estas pessoas devem ser escolhidas sempre entre os mais notáveis (posso dizer os KOL: key opinion leaders), e os outros, que acham que a seleção deve ser a mais “democrática” possível, em que todos têm direito a participar por igual.


Devo dizer que não me revejo em nenhuma das “pontas”. Aliás, nem me revejo no centro absoluto (não acredito, de todo, que a virtude esteja sempre no centro, no centro estão muitas vezes só os compromissos com falta de entusiasmo).


Relativamente à opção seletiva pelos KOL, causa-me algum mal-estar, e vou explicar porquê: quando entrei na Otorrinolaringologia, havia no máximo meia dúzia de serviços que participavam (não levem a mal o termo “meia dúzia”, não é por querer ser ligeiro, é porque não sei dizer o número exato, e meia dúzia geralmente quer dizer que eram poucos, sem precisar). Os médicos dos outros serviços assistiam passivamente aos eventos científicos nos quais “os eleitos” eram os personagens principais, e eles os espetadores.


Lembro-me do momento exato em que senti uma mudança. Foi entre 2010 e 2013. Sei isso porque foi nesse mandato que eu tive pela primeira vez um cargo na SPORL, como Vogal da Comissão de Otologia (por convite do Presidente nesse mandato, o Dr. António Sousa Vieira). Estava eu no Congresso Nacional, como elemento do Júri de Otologia, a assistir e gerir apresentações da respetiva área, quando foram apresentadas duas comunicações livres que relatavam séries de resultados cirúrgicos de doentes com otite média crónica. Eram de dois hospitais do norte: Braga e Guimarães. As séries eram impressionantes, sobretudo pelo número de doentes, refletindo uma atividade cirúrgica enorme.


Lembro-me de ter feito um elogio, e o comentário, que outros hospitais, além dos “habituais”, já “davam cartas” na atividade cirúrgica diferenciada, com experiência (volume) e produção científica à altura. Lembro-me também do reconhecimento dos médicos dos respetivos serviços com algum espanto pelo meu comentário, mas na verdade não me ficaram a dever nada, eu só vi o óbvio.

      

É por isso que não gosto do extremo “das elites”. A função das sociedades também é a de tornar os pares, pares efetivos. Capacitar. Trazer para a vida da sociedade. Empoderar. Eu diria, voltando ao espectro que mencionei anteriormente, a minha posição nem é nas pontas nem é no meio, é ser capaz de “puxar” as pontas, mas para que se encontrem num ponto que não seja no meio (eu sei que pode ser difícil de visualizar, mas é também porque não é fácil de exercer...).


Por outras palavras, há potencial mesmo fora do óbvio.



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E é aqui que entra a Teresa Bernardo, ou melhor, a Dra. Teresa Bernardo, a quem eu fiz a desconsideração de só a deixar entrar na história quando a mesma já vai bem adiantada, apesar do titulo do post ser o nome dela e ela a personagem principal...


O caso da Dra. Teresa é exemplar em tudo o que eu disse antes.


A Teresa fez a especialidade no Hospital de Vila Nova de Gaia e está atualmente na Unidade Local de Saúde de Tâmega e Sousa, em Penafiel. Desde cedo teve uma preferência pela Rinologia e por isso fez um estágio de Rinologia em Zurique com o Prof Doutor Siemmen e o Dr. Brinner, além de um estágio de Imunoalergologia no Serviço de Gaia dirigido pelo Dr. José Pedro Moreira da Silva. Na sua instituição atual, cujo Diretor da Otorrinolaringologia é o Dr. Nuno Lousan, a Dra. Teresa Bernardo tem assistido ao crescimento do serviço, que tem atualmente 8 especialistas e 2 internos, o que já permite criar consultas de sub-especialidade. Está a desenvolver uma consulta multidisciplinar de Rinologia devido à necessidade e ambição de orientar de acordo com as melhores práticas os doentes que necessitem de tratamentos com agentes biológicos.


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Recentremo-nos outra vez na história e na sua personagem principal! Mas o que é que a Dra. Teresa Bernardo tem a ver com o que eu disse na “introdução”  Que “pontas” é que foram puxadas até a um “centro” que foi a razão da nossa opção para a convidar para a Comissão de Rinologia?


Quando eu a convidei conversei com ela e expliquei-lhe o porquê do convite, mas agora pedi-lhe a ela para descrever o “episódio” pelas suas palavras. Aqui vai:


“Há cerca de 3 anos, quando a SPORL estava a organizar o congresso anual da Sociedade no Porto, a Dra. Sara Cruz e eu, através do Dr. Delfim Duarte, oferecemo-nos para colaborar no evento por considerarmos importante manter ativas estas reuniões e termos consciência do trabalho que dão. Pensámos que podíamos ser úteis se realmente fosse necessário. Verificou-se que sim, e acabámos por ser júris das comunicações livres não sujeitas a prémio. Gostei muito de ter a oportunidade de assistir à apresentação dos trabalhos dos colegas por me parecer que tinham bastante qualidade e por ser uma maneira de me “obrigar” a estudar um pouco mais e me manter atualizada nos vários assuntos. A experiência repetiu-se nos anos seguintes. No último ano fui júri dos pósteres, trabalho intenso e moroso, mas compensador pela enorme qualidade técnica dos mesmos.”

   

Vou concluir. É verdade que a Dra. Teresa tinha a expertise e entusiasmo pela rinologia necessários. Mas porque é que a convidámos? Convidámo-la porque foi pró-ativa. Porque procurou a sociedade e ofereceu-se para prestar serviços à sociedade sem sequer lhe ter sido pedido. Não concordam que é um bom exemplo?

 
 
 

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